sexta-feira, 29 de maio de 2009

107 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "

 "Meu Jardim" Foto LuisD. * * * * * * * * * * * * * * * * *
* * * * * * * * * * * * * VIOLANTE DO CÉU (Soro)

Nasceu a 30 de Maio de 1601, signo de gémeos,
na cidade de Lisboa, Portugal.
Viveu no Convento Dominicano "Nossa Senhora
da Rosa de Lisboa", 1630.
Destaque literático feminino no século XVII. . .
Faleceu em 1693, Lisboa, Portugal.
*
CANTOePALAVRA
Parnaso Lusitano de Divinos e Humanos
Versos, Compostos pela Madre Sóror
Violante do Céu, Religiosa Dominicana, no
Convento da Rosa de Lisboa. . .
*
I
Vida que não acaba de acabar-se,
Chegando já de vós a despedir-se,
Ou deixa por sentida de sentir-se,
Ou pode de imortal acreditar-se.
-
Vida que já não chega a terminar-se,
Pois chega já de vós a dividir-se,
Ou procura vivendo consumir-se
Ou pretendo matando eternizar-se.
-
O ceto é, Senhor, que não fenece,
Antes no que padece se reporta,
Por que não se limite o que padece.
-
Mas, viver entre lágrimas, que importa?
Se vida que entre ausências permanece
É só vida ao pesar, ao gôsto morta?
*
VIOLANTE DO CÉU
"Sonetos"

 "Flores"
Foto LuisD

II
Se apartada do corpo a doce vida,
domina em seu lugar a dura morte,
de que nasce tardar-me tanto a morte
se ausente d'alma estou, que me dá vida?
-
Não quero sem Silvano já ter vida,
pois tudo em Silvano é viva morte,
já que se foi Silvano, venha a morte,
perca-se por Silvano a minha vida.
-
Ah! suspirado ausente, se esta morte
não te obriga querer vir dar-me vida,
como não ma vem dar a mesma morte?
-
Mas se n'alma consiste a própria vida, 
bem sei que se me tarda tanto a morte,
que é por que sinta a morte de tal vida.
*
"Se apartada do corpo a doce vida"
VIOLANTE DO CÉU
*
III
Coração, basta o sofrido,
Ponhamos termo ao cuidado,
Que um desprezo averiguado
Não é para repetido;
Basta o que havemos sentido,
Não demos mais ao tormento,
Que passa de sofrimento,
Dar por um desdém tirano
Toda a alma ao desengano,
toda a vida ao sentimento.
-
fujamos deste perigo,
livre-nos, coração,
Que não é bom galardão
O que parece castigo:
Eu convosco, e vós comigo
Melhor o mal passaremos
Pois entre amantes extremos
Tão divididos ficamos,
Que se nós comunicamos
É só quando padecemos.
-
Aquele bronze animado,
Por quem deixais de assistir-me,
Ai! que as finezas de firme
Troca em desdéns demudado;
Deixemos pois um cuidado,
Que serve só de homicida;
Porém é força que a vida
fique igualmente arriscada,
Antes que desprezada,
Quero morrer de esquecida.
*
VIOLANTE DO CÉU
"Décimas"


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