quarta-feira, 27 de maio de 2009

111 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "


FERNANDO SYLVAN
Abílio Leopoldo Motta Ferreira
Nasceu a 26 de agosto de 1917, signo de virgem
em Dílli, Timor-Leste, Ásia.
Presidente da "Sociedade de Língua Portuguesa",
em Lisboa, onde morou. . .
Agraciado pós-morte com o
Prémio "Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique".
*
CANTOePALAVRAS
Vendaval, 1942; Duas Leis(teatro),1949;
Ti Fateixa(prosa), 1951; Culpados(teatro), 1957;
Mensageiro do Terceiro Mundo, 1972;
Meninos e Meninas, 1979; Sete Poemas de Timor-Leste, 1981;
Mulher ou o Livro do teu Nome, 1982;
A voz Fagueira de Oan Timor, 1993. . .
*
I
As crianças brincam na praia dos seus pensamentos
e banham-se no mar dos seus longos sonhos.
-
A praia e o mar das crianças não têm fronteiras
-
e por isso todas as praias são iluminadas
e todos os mares têm manchas verdes.
-
Mas muitas vezes as crianças crescem
sem voltar à praia e sem voltar ao mar.
*
FERNANDO SYLVAN
"Infância"
A voz Fagueira de Oan Timor
*
II
Todos já vimos
nos livros, nos jornais, no cinema e na televisão
retratos de meninas e meninos
a defender a liberdade de armas na mão.
-
Todos já vimos
nos livros, nos jornais, no cinema e na televisão
retratos de cadáveres de meninos e meninas
que morreram e defenderam a liberdade de armas na mão.
-
Todos já vimos
E então?
*
FERNANDO SYLVAN
"Meninos e Meninas"
*
III
Terás o nome nas casa das comunas
Terás o nome nos rostos das escolas
Terás o nome nas ruas da cidades
Terás o nome nas margens das estradas
Terás o nome nos suportes das pontes
Treás o nome nos carris dos comboios
Terás o nome nos dorsos dos navios
Terás o nome nos poços de petróleo
Terás o nome nos campos a lavrar
Terás o nome nas cavernas das minas
Terás o nome nas seivas das florestas
Terás o nome nas proas dos pesqueiros
Terás o nome nas relhas dos arados
Terás o nome nos eixos das bigornas
Terás o nome nas máquinas das fábricas
Terás o nome nos veios dos tratores
Terás o nome nos corações das mães
Terás o nome nos lábios das crianças
Terás o nome nos livros de poesia
Terás o nome nas fardas dos soldados
Terás o nome nas lutas do teu Povo!
*
FERNANDO SYLVAN
"Agostinho Neto"
Um Postal para Luanda
XANANA GUSMÃO
Kay Rala Xanana Gusmão
José Alexandre Gusmão
Nasceu a 20 de junho de 1946, signo de gemeos,
em Laleia, Timor-Leste, Ásia
Poeta , militar, político,Presidente de Timor-Leste e
Primeiro Ministro desde 08 de agosto de 2007.
Seu pai era Português, e professor em Timor. . .
Homenagens:
Prémio Sakarov, 2000;
Prémio Da Paz de Sydney . . .
*
CANTOePALAVRAS
Mar Meu. . .
*
I
Se eu pudesse
pelas frias manhãs
acordar tiritando
fustigado pela ventania
que me abre a cortina do céu
e ver, do cimo dos meus montes,
o quadro roxo
de um perturbado nascer do Sol
a leste de Timor.
-
Se eu pudesse
pelos tórridos sóis
cavalgar embevecido
de encontro a mim mesmo
nas serenas planícies do capim
e sentir o cheiro de animais
bebendo das nascentes
que murmurariam no ar
lendas de Timor.
-
Se eu pudesse
pelas tardes de calma
sentir o cansaço
da natureza sensual
espreguiçando-se no seu suor
e ouvir contar as canseiras
sob os risos
das crianças nuas e descalças
de todo o Timor.
*
XANANA GUSMÃO
" Oh! Liberdade! "
Mar Meu
*
II
Diz a lenda
e eu acredito!
-
O Sol na pontinha do mar
abriu os olhos
e espraiou os seus raios
e traçou uma rota.
-
Do fundo do mar
um crocodilo pensou buscar o seu destino
e veio por aquele rasgo de luz.
-
Cansado, deixou-se estirar
no tempo
e suas crostas se transformaram
em cadeias de montanhas
onde as pessoas nasceram
e onde as pessoas morreram
-
Avô crocodilo.
-
- diz a lenda
eu acredito!
é Timor!
*
XANANA GUSMÃO
" Avô Crocodilo "
Mar Meu
CELSO OLIVEIRA
Celso Ximenes de Oliveira
° Nasceu em Díli Timor, Ásia.
Participou do jornal "A Voz de Timor"
e de "Timor Post".
Morou em Portugal, 1996.
"Faculdade de Letras" em Lisboa, se formou
em Língua Portuguesa. Jornalista. . . .
*
CANTOePALAVRAS
Timor Leste, LunTuru. . . . .
*
I
Eu escrevo
Na escuridão,
Com medo, com lágrimas,
Com dor no coração e com suor no corpo.
-
Na escuridão,
A minha caneta mexe-se,
Direitinha, torta não.
Com suor e de vez em quando com sangue.
-
Eu pinto
A beleza da minha terra,
Com medo, com lágrimas,
Com dor no coração e com espírito tranquilo.
-
A civilização é assim?
Matar, Roubar, Violar e Ferir?
A liberdade é assim?
A democracio é assim?
NÃO.
-
Eu continuo a escrever.
Eu continuo a pintar.
Sem parar nem tremer,
Até a minha morte.
*
CELSO OLIVEIRA
" Eu Escrevo, Eu Pinto "
Timor Leste, Lun Turu
*
II
Pátria querida
Longe de ti,
Longíssimo . . .
-
Em terra de CAMÕES
Tua beleza descrever não consigo.
Mas, guardo,
Guardarei,
Recordações tuas.
-
TIMOR,
Pátria sofrida,
Independência amada,
TIMOR LOROSA'E.
*
CELSO OLIVEIRA
" Timor "
Timor Leste, Lun Turu

FERNÃO ÁLVARES DO ORIENTE
° Nasceu em Goa, Índia, 1540*.
Poeta...
Faleceu em 1599*

CANTOePALAVRAS
..............................................
*
Armada de aspereza minha estrela
a nova dor me leva e me encaminha;
mas se uma glória vi perder-se asinha,
foi por quem a perdi, glória perdê-la.
-
Sucede nova dor, nova querela
à liberdade que gozado tinha:
não sei remédio dar à mágoa minha;
e quem lho pode dar não sabe dela.
-
Que alívio logo em meu tormento espero,
se a que mo censura na alma, não o sente?
Senão se o vê nos olhos com que o vejo
-
Porém, ah, doce amor, eu antes quero
passar convosco a vida descontente,
que contente viver sem meu desejo.
*
"Armada de Aspereza minha Estrela"
Fernão Álvares do Oriente


* datas aproximadas.

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