sábado, 23 de maio de 2009

120 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "

"Meu Cão NÓ" Foto LuisD.


MARIA CÂNDIDA MENDONÇA
Nasceu em Portugal. . .
Poetiza...
***
CANTOePALAVRAS
A Cor que se tem, 1986; O Bosque Pintado, 1975;
O Arco-Íris da Amizade, 1983 e 1986; A Cidade dos
Automóveis, 1983; O Livro do Faz de Conta, 1980. . .
-

Conheci um cão
Que falava
Que escutava
Que cantava
Que brincava
Que ladrava
Que fazia o pino
E que era um grande dançarino.
-
Que jogava à bola
Que perdia
Que ganhava.
Que estudava
E que andava
Comigo na escola.
-
E que tal?
Era ou não
Uma perfeição de cão?
-
Não acreditam?
Fazem mal.
Era um cão
De imaginação. . .
***
MARIA CÂNDIDA MENDONÇA
"Uma perfeição de Cão"
O livro do Faz de Conta

MARIA MANUELA COUTO VIANA
Nasceu 03 de março de 1919, signo de peixes.
Viana do Castelo, Portugal.
Poetiza, desenhista(oleo e carvão), atriz.
Participou nas revistas " Tabola Redonda " e "Revista de Portugal". . .
Homenagens: "Grande Premio Nacional dos Editores e
Livreiros, 1942. . .
Faleceu 04 de janeiro de 1983.
*
CANTOePALAVRAS
Raizes que não secam, 1942; Menina Mansa e outros
Poesias, 1950; Frauta Lonxana, 1964;
A Varanda Verde(teatro), 1956; Encruzinhadas(estórias) 1987. . .
*
E a estrela. Perdeu-se na noite deserta . . .
Tentar procura-te, para quê, se era em vão?
Deixaram-me em casa com a porta aberta.
Mas eu bem compreendo que estou em prisão.
-
Talvez que pensassem mal imaginário
a magoa duns olhos em rosto bravio.
Mas eu bem me sinto peixe em aquário,
e sei a amargura de sonhá-lo rio.
-
Mas eu bem compreendo o cruel desalento
dos gestos frustados, perdidos no ar.
Foi curta a mensagem, findou meu tromento.
E não vale a pena o que está por contar.
*
MARIA MANUELA COUTO VIANA
"Bandeira Branca"
Antologia das Mulheres Poetas Portuguesas

MARIA AZENHA
Maria da Conceição da Silva Rodrigues Azenha
Nasceu a 29 de dezembro de 1945, signo de capricórnio,
Coimbra, Portugal.

Poetisa, Pintora, Professora . . .
Doutorou-se em "Ciências Matemáticas", Universidade
de Coimbra.

Frequentou o "Conservatório Nacional de Música", em
Coimbra. Professora de Matemática, em Lisboa, Portugal. . .
Homenagens: Membro da Associação Portuguesa de
Escritores, A.P.E.; Premio Menção Honrosa, 
"Eça de Queiroz", 1990. . .
*
CANTOePALAVRAS
Folha Móvel, 1987; Pátria d'Água, 1991; A Lição do
Vento, 1992; O Último Rei de Portugal,1992;
Concerto Para o Fim do Futuro, 1999; O Coração
dos Relógios, 1999; P.I.M. Poemas de Intervenção
e Manicómio, 2000; Nossa Senhora de Burka, 2002;
A Chuva nos Espelhos, 2008 . . .
*
I
Este reencontro com o silêncio na procura de mim mesmo
esta busca de Paz em cada ave
em cada movimento
como uma janela entreaberta.
-
entre centro que
evolui com a paisagem
-
esta viagem ao país do meu rosto
a minha janela fotográfica
este cigarro que acendo
e
que procura
o
ovo.
*
MARIA AZENHA
"Ovo Nuclear"
*
II
Nasceu em ti
-
Por ser d'além o céu e o mar que trouxe,
Dentro do Livro da História que leu,
Á Terra, ao mar imenso, ao Rei Afonso,
A hora velada à esfera. A deu!
*
MARIA AZENHA
"Primeiro Afonso"
O Último Rei de Portugal
*
III
Olhou o pão na mesa e deixou cair
As mãos como sementes
para que tudo crescesse a partir
do chão
-
olhou o mar
-
e viu as lágrimas
das trevas
iluminadas pelo céu
-
depois sentiu que se fechasse os olhos
por um pequeno instante
tudo voltaria ao caos
-
as mães têm as mãos grandes.
*
MARIA AZENHA
"As Mãos"
*
IV
O mar sózinho pode crer e ser.
O céu tem outro poder: O renegar,
Mas Portugal ousado, a abranger,
Aos seus, deu a voz! É a terra, o mar.
-
E sempre unido à rosa, de onde nasceu,
Entre naufrágios, perigos e glória
Ergueu do abismo o sonho que o deu,
Soltando, das mãos, a forma da História.
*
MARIA AZENHA
"Naufrágio e Ser"
O Último Rei de Portugal
ANA HATHERLY
Nasceu em 1929.
Cidade do Porto, Portugal.
Poetiza , escultora, professora, artista plástica, cineasta,
participou em revistas . . .
Professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da
Universidade Nova Lisboa, Portugal.
Licenciada pela Universidade de Lisboa, em Filologia Germânica.
Doutorada em Estudos Hispânicos, pela Universidade de
Berkley, Califórnia, E.U.A..
Diplomada pela London Film School, em Cinema . . .
Participou ativamente no P.E.N., Club Português;
A.P.E.(Associação Portuguesa de Escritores . . .
Homenagens:
Prémios Medalha "Oskar Nobiling", "Academia Brasileira
de Português e Filologia", 1978, Rio de Janeiro, Brasil.
Grande Prémio de Ensaio Literário da "Asscociação
Portuguesa de Escritores", 1998; P.E.N. Clube Português, 1999;
Prémio "Evelyne Encelot" França, 2003;
Prémio "Hannibal Lucic", Croácia . . . . .
*
CANTOePALAVRAS
Um Ritmo Perdido, 1958; As Aparências, 1959;
A Dama e o Cavaleiro, 1960; Nove Incursões, 1962;
O Mestre(prosa), 1963;
Sigma, 1965; No Restautante(prosa), 1967;
Estruturas Poéticas, 1967; Eros Frenético, 1968;
39 Tisanas, 1969; Anagramática, 1970;
63 Tisanas, 1973; Ana Viva e Plurilida, 1982;
O Cisne Intacto, 1983; A Cidade das Palavras, 1988;
Volúpsia, 1994; 351 Tisanas, 1997; Rilkeana, 1999;
Um Calculador de Improbabilidades, 2001;
O Pavão Negro, 2003; Fibrilações, 2005;
463 Tisanas, 2006; A Neo-Penélope, 2007;
Obrigatório não ver, 2009 . . .
*
Era de noite e o seu rosto parecia.
Teria um pequenino sexo com firmes cotilédones.
Era sólido.
Era um bloco onde não havia articulações a não ser cristalizadas.
Deslocava-se em pequeninos saltos bem quadrados.
Os olhos só eram orgânicos.
Moviam-se depressa e olhavam fixamente a ferocidade.
Seus dentes estava aí.
Suas entranhas todas todas estavam localizadas
como reflexos.
Pura consequência.
Em sua boca não.
Não era preciso.
Seus olhos eram todo o não trémulo.
Refractavam na presciência do conctato.
Na ansiedade intangível.
Pensava intensamente mas não era isso o importante possível.
Se seus olhos.
Alí.
E unhas cresciam de seu pequenino sexo congestionado e obsoleto.
*
ANA HATHERLY
"Presciência do Conctato"
Eros Frenético


MARIA MARIANELA COUTINHO FLORES GOMES
Nasceu em Portugal . . .
Poetiza...
*
CANTOePALAVRAS
Poemas . . .
*
I
Vamos palrar, sentadas, à sombrinha?
Vizinha, assim disseste e obrigada.
Mas a verbosidade comezinha
Deixa-me a alma enferma, flagelada.
-
Perdoa! Vou falar antes sozinha
Com poetas d'além! Pois triturada,
Só com os párias a alma amadourinha
Cicia compreensão e é consolada.
-
Lá fora, a ruiva luz do dia é acre!
Esta lilás penumbra é bem massacre
Do turbilhão, que sinto fenecer . . .
-
Oásis de unção, tónico fecundo,
Na travessia inóspita do mundo,
Encontro a vida só quem a esquecer!
*
MARIA MARIANELA COUTINHO FLORES GOMES
"Delicioso Silêncio"
Poemas
*
II
Quere ir? Vai e leva tudo!
Leva essas prendas dos meus anos,
Leva os navios dos enganos,
Leva os Folguedos do Entrudo!
-
Manhãs de Outono e de veludo
Que ambos gozamos sós e ufanos,
Leva - que destinos desumanos! -
Tudo quanto era o meu escudo . . .
-
Leva o azul do mar fagueiro,
Leva o Natal - tudo a brilhar,
Mais esse bolo, esse primeiro.
-
Qu'assim dizia: sê feliz!
Leva os enleios do altar,
Deixa só, ai!
Deixa só luto neste olhar de gris.
*
MARIA MARIANELA COUTINHO FLORES GOMES
"Saudade"
Poesias
*
III
A Lua é um vislumbre de cristal
Onde altas horas bebo o chá do sonho . . .
Vestindo o meu brocado imaterial
E escoando-me em coral risonho.
-
Junto de mim, à luz de castiçal,
Esboça a noite um bocejar medonho.
Exalta-me o silêncio musical
Dum eco galopante, mas tristonho.
-
Riem estrelas onde o céu alteia . . .
Mas quando o dia raia e as golpeia,
Aninham-se no colo do infinito.
-
Ah! quem pudera achar refúgiu assim . . .
Correr para um regaço de cetim
Se o dia é ásp'ro, e a ventura, um mito!
*
MARIA MARIANELA COUTINHO FLORES GOMES
"Um Mito"
Poesias
FLOR CAMPINO
Nasceu em 1947, Tomar, Portugal.
Cursou, no Porto, Portugal, pintura "Escola Superior
de Belas-Artes".
Poetiza, pintora, mora em Paris, França.
Esposa do poeta Fernando Echevarria . . .
*
CANTOePALAVRAS
A Menina do Búzio; Perolas de Vidro;
O Crivo dos Dedos; Arco-Iris . . .
*
Agora sou
porto de silencio que conhece
a rota da madeira,
porta do sotão
e turbilhão de folhas
que, pela cozinha, arrasta o vento.
-
Agora sou
a casa que conhece
múrmuras colmeias,
unhas de gato prateado,
o desatino matinal dos pássaros
e o amor das janelas pelas nuvens.
-
ao perfume da erva
após a chuva
une-se o do café!
-
Do tempo passado
a decifrarmos juntos paredes
de granito e cal
vem-nos doce a fadiga
repousemos.
*
FLOR CAMPINO
"Agora Sou"
ISABEL SOLANO
Signo de virgem, nasceu em Portugal . . .
Poesia e fotografia . . .
*
CANTOePALAVRAS
Essência, 2007; Entretextos, 2008;
Serenidades, 2009; Esquecimento Global, 2009;
Sem Nós na Garganta, 2009 . . .
*
I
Se um dia secarem as palavras
do rio que só nós soubemos navegar
se acordarmos sós e despidos
das quimeras que já não podemos segurar
restará ainda a velha ponte
hirta e fria, abandonada,
sobre o leito, desfeito, vazio
e alguns versos soltos pelas margens
como folhas de outono.
*
ISABEL SOLANO
"Se um Dia Secarem as Palavras"
Sem Nós na Garganta
*
II
Ah como eu queria
encontrar a palavra
que mesmo calada
tivesse a força
de ser tudo
sem dizer nada
*
ISABEL SOLANO
"A Palavra"
MARIA DO PATROCINIO DE SOUSA
Nasceu no seculo XIX, Portugal . . .
Poetiza...
*
CANTOePALAVRAS
Grinalda(Revista)
*
Horrivel attracção de abysmo horrendo!
Insodável mysterio da natura!
Quem é que dessas trevas por mim chama
P'ra dar-me a um tempo a morte e a sepultura?!
-
Debaixo dos meus pés . . . noite e fragor! . . .
Embalde os olhos lá procura fundo! . . .
Eterna cerração! . . .direi que o inferno
Irado ruge, ameaçando o mundo! . . .
-
Porém a mente que jamais tropeça,
Afoita desce até chegar ao fim;
Mas tudo incerto . . .pavoroso tudo! . . .
Oh! nunca o pasmo me tolhe assim!
-
Pequena pedra que da mão despeço,
Estonteada na caverna cáe;
Depois de pausa, vagaroso e triste,
Um som queixoso d'esse abysmo sáe.
-
Suor gelado sobre a fronte sinto,
E sinto o corpo fraquear-me já;
A vista turva, allucinada a mente . . .
Ai! neste p'rigo quem me salvará?! . . .
-
Um abraço amigo sobre mim s'estende
voz de conforto me aconselha e diz;
Não mais t'exponhas a fataes acasos;
Vive em socego para ser feliz.
*
MARIA DO PATROCINIO DE SOUSA
"Abysmo"
Grinalda(revista)
Porto 

LAURA CHAVES
Nasceu em 1888, Lisboa, Portugal.
Poetiza...
*
CANTOePALAVRAS
...............................................
*
É certo! Não mentiu quem te afirmou
que eu tenho dito muito mal de ti.
É certo, sim, mordi, mordi, mordi,
enquanto a minha boca não cansou.
-
Tudo quanto há de mau em mim gozou...
Sabes a volúpia que eu senti
quando, com mil requintes, descrevi
como a tua alma aos poucos se aviltou!
-
E no delírio de te fazer mal
analisei o vício, o lodaçal
em que hoje vives numa orgia louca...
-
Mas o que ninguém pôde pressentir
é que eu estava falando para ouvir
o teu nome a vibrar na minha boca!
*
Laura Chaves
"Volúpia"

AURORA CARVALHO HOMEM
Maria Aurora Carvalho Homem
Nasceu em 1974, Sátão, Viseu, Província de Beira Alta, Portugal.
Formou-se em Filologia Românica, na Universidade de
Coimbra, Portugal.
Poetiza, jornalista, rádio, tv, professora . . .
Faleceu em 11 de junho de 2010.
*
CANTOePALAVRAS
Raizes do Silencio, 1982; Vamos Cantar Histórias, 1991;
A Santa do Calhau(contos), 1993; Cintilações, 1995;
Para Ouvir Albinoni, 1995;
12 Textos de Desejos, 2003; Juju a Tartaruga, 2005;
Discurso Amoroso, 2006 . . .
*
Cais devagar na tarde
-
Branco de cal
o veludo no ventre
lábios de seda e mel
-
Cais ligeiro e solto
angustiado e doce.
-
Doce morango no seio.
*
AURORA CARVALHO HOMEM
"Cais devagar na tarde"
12 textos de Desejo

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