terça-feira, 5 de maio de 2009

145 - " OS ETERNOS MOMENTOS DE POETAS E PENSADORES DA LINGUA PORTUGUESA "


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ALBERTO SERPA
Alberto de Serpa Estêves de Oliveira
Nasceu 12 de dezembro 1906, signo de escorpião,
na cidade do Porto, Portugal.
Estudou Direito na Universidade de Coimbra, 1926.
Um dos fundadores da "Revista Portugal" . . .
Faleceu , 08 de outubro de 1992.
*
CANTOePALAVRAS
Quadras, 1924; Evoé, 1924; Varanda, 1934;
Descrição, 1934; Vinte Poemas da Noite, 1935;
A Vida é o Dia de Hoje, 1939; Drama, 1940;
Retrato e Lição de Gomes Leal, 1948; Pregão, 1959;
Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, 1954 . . .
*
Esta música triste desprende-me do mundo
Há quem possa explicá-la,
e nela aprenda frases
e descricção
e corês
e movimentos de alma.
Para mim, tem o encanto de tudo quanto é triste.
Ouça-a
Os olhos fechados, a cabeça entre as mãos . . .
*
ALBERTO SERPA
"Música"
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ANTÓNIO OSÓRIO
António Osório de Castro
Nasceu 01 de agostro de 1933, signo de leão,
na cidade de Setúbal, Portugal.
Formou-se em Direito.

CANTOePALAVRAS
A raiz Afetuosa, 1972; A ignorância da morte,1978;
O Lugar do Amor, 1981;
Antologia de um emigrante de Paraíso, 1981;
A Mitologia Fadista, 1974. . .
I
A fúria de dar para além da miséria,
asma, das raparigas em clausura
suas alunas no "Ospedale della Pietá"
onde em si tanto aninhou, fermentado de vida?

Como lhe foi possível retrair
e transpotar o fluxo dos canais de Veneza?
E toda a alegria dos pássaros na Primavera
gôndolas aladas e amantes?
E o fogo nas florestas pelo Verão inundadas,
e ufania arrecadada das espigas?
Foi ele o caçador que no Outono, "ponte
dei sospiri", levou consigo a presa ficando
mais adestrado, ele e a matilha, para a morte?
À lareira ouviu no Inverno a explosão
dos ventos e da chuva, mas foi
Calmo, dignamente feliz o "PRETTE ROSSO"?

Dezanove florins orçou o funeral,
Mais não comportava essa larga indigência,
tudo ao tempo ter entregue e num excesso de pródigo.
Sessenta e três anos: sómente seis meninos
de coro em Viena, pagos para o acompanhar,
e ele modulara o trovão e o relâmpago em Setembro,
o tiro infalível do caçador, a ventura
de ter sido e deixado mais que todos os doges:
os doze movimentos de cada mês, a esperança
que prenche o mundo,o concerto interior da natureza.

ANTÓNIO OSÓRIO
"Vivaldi"
II
Gratidão de ser
por estes anos
e partículas restantes.
.
Pela amizade,
que chega a confundir o amor.
.
Pela bondade,
que torna a solidão desvalida.
.
Pela hombridade,
à altura do céu.
.
Pela beleza,
que só a santidade
sobrepassa.
.
E é flagrante, perdulária,
noutros renascente.
.
Gratidão
que nem sabe
a quem deve ser grata.
.
Pelas aves nutrindo os filhos
de penugem e "vôo".
.
Pela lentidão, escrupulosa
da tartaruga, igual à de Platão.
.
Pela leveza materna do vento
transportando pólen.
.
Pelo calor humílimo
da joaninha sobre a nossa mão.
.
E por estar na terra
uma só vez, ao Sol,
nada pedindo, nenhum segredo,
como um velho lobo-do-mar.
.
ANTÓNIO OSÓRIO
"Gratidão de Ser"
O Lugar de Amor

*
III
É um bem que me roubem e explorem;
um bem que saibam quanto valho(nada);
um bem que espreitem, que circulem
incólumes. que amedrontem e persigam;
um bem que me desprezem e destruam
e um bem maior ainda que me ignorem,
porque é preciso pagar, e caro, a vida.
*
ANTÓNIO OSÓRIO
"Trinta e Nove Anos"
A Raiz Afetuosa

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GUILHERME BRAGA
Nasceu em 22 de Março de 1845, signo de Aries.
Cidade do Porto, Portugal.
Poeta, tradutor, envolvido com politica...
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CANTOePALAVRAS
Ecos de Aljubarrota, 1868; O Mal de Delfina, 1869;
Heras e Violetas, 1869; Os Falsos Apóstolos, 1871;
O Bispo, 1871...
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-D'onde vens? - ¨Venho das trevas.¨
-Onde vais? - ¨Vou para luz.¨
-Tão curvada a fronte levas? -
¨Que admira? É o peso da cruz!¨
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-Não tens mãe? - ¨Deixa-a morta.
Quando sai do meu lar
A orfandade estava à porta
Sentada no limiar.¨
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-Não tens irmãs? - ¨Já tive uma. . .
Era a estrela da manhã
Que se perdeu entre a bruma
Dum jazigo . . .Ai! pobre irmã!¨
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-Não tens amigos? - ¨Conheço
Uns homens, que dizem ser,
Mas se um abrigo lhes peço,
Nunca mais os torno a ver.¨
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-Não tens amante? - ¨A ironia
Dessa pergunta é cruel.
Tu vês-me a taça vazia
E vens encher-m"a . . . de fel?¨
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-E inda crês? - ¨Creio no Eterno;
O sofrimento é crisol;
Às vezes, em pleno inverno
Há dias cheios de Sol!¨
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GUILHERME BRAGA
"Perguntas e Respostas"
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